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Nuno Higino

Nuno Higino nasceu em 1960, em Sendim (Felgueiras), uma aldeia atravessada por uma estrada de terra batida com um largo. A sua infância foi marcada pela presença constante das árvores, dos campos, do rio e da Lua e animada pelos jogos de futebol no largo com os companheiros de brincadeira. Após a escola primária, entra para o Seminário onde aprendeu a liberdade, a tolerância e a disciplina e descobriu o que era a resistência à ditadura; frequentou o Liceu Rodrigues de Freitas, em pleno PREC, e olhou para Portugal como uma nascente de esperança. Terminou os estudos teológicos em 1984, passando a leccionar no Seminário do Bom Pastor (Ermesinde), onde permaneceu quatro anos; desencantado com o modelo de educação, sai e é nomeado pároco em Marco de Canaveses. Aqui viveu treze anos, marcados por uma actividade intensa e apaixonada em que o acompanhamento da construção da Igreja de Santa Maria, projectada por Álvaro Siza, foi marcante. Um grande desgaste com a hierarquia e com o contexto sociopolítico leva-o, em 2001, a partir para Madrid, onde termina a licenciatura em Filosofia e, em
2007, conclui o doutoramento no domínio da Filosofia Crítica e Estética. Entretanto, em 2005, renuncia ao ministério ordenado e regressa ao estado laical.

Sempre escreveu poesia na adolescência e na juventude e o cheiro a livros nunca o abandonou. Durante a sua permanência em Marco de Canaveses escreveu histórias e poemas para as crianças que frequentavam a catequese. Escrever tornou-se um hábito tão regular como, pela manhã, beber o café e passar os olhos pelo jornal ou fazer pequenos trabalhos agrícolas e conviver com os amigos. 

As vivências das coisas simples e belas, a fruição da Natureza em toda a sua pujança, a capacidade de redescobrir o encanto da luz diáfana do luar alimentam, neste autor, uma enorme força telúrica que lhe permite captar o outro lado das coisas, os ritmos e os tons que passam despercebidos a um olhar pouco atento. Os frutos, as crianças, os insectos, os pássaros e outros pequenos animais protagonizam histórias ou dão corpo a poemas que estimulam a imaginação da criança e tocam os adultos que ainda não perderam a capacidade de encantamento. Nos seus livros encontramos uma escrita originalíssima que surpreende o leitor pela pureza e autenticidade dos textos. | R.M.V.

Obras:

  • A mais alta estrela. Sete histórias de Natal, ilustrações de José Maia, Marco de Canaveses, Cenateca, 1998.

  • A libelinha que tocava flauta, ilustrações de José Rodrigues, Vila Nova de Cerveira, Associação Convento de S. Payo, 1999.

  • A rainha do país dos frutos, ilustrações de José Emídio, Marco de Canaveses, Cenateca, 2000.
     
  • O menino que namorava paisagens e outros poemas, ilustrações de José Emídio, Porto, Campo das Letras, 2001.
     
  • A anja de hábito azul, ilustrações de José Rodrigues, Marco de Canavegses, Cenateca, 2002.
     
  • O Senhor Outono e o Lagarto amigo das palavras, ilustrações de Márcia Luças, Porto, Campo das Letras, 2002.

  • Todos os cavalos e mais sete, ilustrações de Álvaro Siza, Marco de Canaveses, Cenateca, 2003.

  • O crescer das árvores, ilustrações de José Emídio, Porto, Campo das Letras, 2003.

  • Onde dormem os pássaros, ilustrações de Armanda Passos, Lisboa, Caminho, 2006.

  • A maçã vermelha. Viagem à infância de Sophia de Mello B. Andresen, ilustrações de José Emídio, Leça da Palmeira, Letras e Coisas, 2007.